sexta-feira, 3 de julho de 2009

Dependência


A grande maioria de nós gosta da independência, seja ela de que tipo for. Se falarmos de independências pessoais então…chegamos ao fim da linha. Julgamos que seria mais fácil se a alegria, o amor, a amizade se comprassem num qualquer hipermercado e não estivéssemos dependentes de ninguém. Sim porque, excepção feita às grávidas, ninguém “sofre” se não houver morangos em casa quando mais lhe apetece em horário que os hipermercados estejam fechados…mais cedo ou mais tarde abrem. As relações pessoais não são assim, não podemos chegar e partir com o que queremos ás horas que queremos!

Inicialmente a dependência é vista como positiva! Aliás, o mais certo será dizer que não é vista sequer, nem nos apercebemos da sua chegada…quando nos dão um sorriso, um olhar, um gesto de carinho que nos altera o dia para melhor sem que para isso tenhamos contribuído em nada. O problema vem depois! Como consequência, criam-se expectativas, há uma habituação gradual e num dia em que, por algum acaso, não nos sejam dadas essas demonstrações este também se altera mas para um cinza carregado. Há quem trema por isso, quem tenha pesadelos, insónias com essa visão e, ferozmente, lute contra acabando por criar uma redoma, isolando-se ficando distantes e sós. Lutam porque regra geral considera-se, erradamente, que estar dependente é estar “preso”. Mas vejamos, em doses q.b., ter alguém que precise de nós, alguém que tenha necessidade de nós, que nos seja dependente dá-nos ânimo, como se nos reconhecessem o valor. É bem positivo, é óptimo, aliás…altamente! Só é pena que a nossa mente fechada e reduzida á pequenez esteja demasiado compenetrada nos aspectos negativos e na responsabilidade que uma dependência acarreta e não seja capaz de desfrutar dos prazeres que esta lhe proporciona!
Sejamos realistas…já que não vamos ser independentes das relações pessoais nunca, que tal aprender a contornar o estereótipo ligado á palavra “dependência” e a tirar partido dela? Pensar nela não como umas amarras mas como elo de ligação duradouro e desejável!

4 comentários:

  1. De um modo ou de outro a dependência torna-nos presos a atitudes, a palavras, a gestos, a sentimentos. Estar aqui hoje, voltar a estar amanhã, faz com que ansiemos o dia que vem a seguir. Esse anseio nunca vem só, traz atrás sentimentos… sejam eles amizade, sejam eles companheirismo, ou até mesmo algo mais. As consequências… Olhar para as consequências é um estado de defesa. O ser dependente moderadamente, é uma boa história, mas… e na prática? Todos somos dependentes disto ou daquilo, deste e/ou daquele. O batimento cardíaco e o pensamento humano são actos involuntários dos quais dependemos, mas não controlamos… não existe o “q.b.”.

    Gostei do tema!

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  2. O tema ta óptimo...e já deu espaço a muita conversa...e tão verdade!
    Mas já existe maneira de controlar essa dependência...quanto mais não seja por pouco tempo...e eis que a dependência chega sem ser contrariada,e quando o sonho acaba, acordamos uns tempos mais tarde a pensar que não devíamos ter perdido tanto tempo na "dependência".
    É bom ser dependente de vocês!:P

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  3. "As relações pessoais não são assim,não podemos chegar e partir com o que queremos ás horas que queremos!"

    .. isto mts vezes é k torna as pessoas dependentes.. um partir, principalmente se for repentino! Começamos a notar o quão especial era aquela pessoa que se foi.. o quao gostávamos dela.. ou quao nos fazia sentir bem quando estava presente.. e de repente o nosso mundo desabou.. e reparamos que tudo o que fazemos nos faz pensar nela.. cada lugar partilhado, cada música sentida, cada frase ouvida.. enfim.. percebemos o quao n sabemos viver sem ela!

    Acredito mesmo que em muitas relaçoes, ambos sejam independentes enquanto dura.. mas com este ir.. tudo muda.. e quem fica, fica cm disseste..

    E pegando noutro tema teu.. daí a importância de exprimirmos os nossos sentimentos enquanto é tempo.. Antes de deixarmos partir o outro lado, e ficarmos a perceber o quão especial era.. ;)

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  4. Ao ler o que escreveste, imediatamente me veio à memória o que alguém também disse sobre a dependência das relações: "Quem ama liberta." A meu ver certissimo, mas também um tanto ou quanto dificil principalmente para quem vê o outro como uma continuação de si mesmo e acaba por exigir demasiado...

    Lembrei-me também de algo especial, um episódio da saga do "Principezinho" por outros planetas. A certa altura da sua aventura ele cativou uma raposa e ela dizia...

    "A minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens caçam-me a mim. Todas as galinhas são iguais e todos os homens são iguais. E por isso eu aborreço-me um pouco. Mas se tu me cativares, a minha vida será cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos fazem-me entrar debaixo da terra. Os teus, pelo contrário, vão chamar-me para fora da toca, como se fossem música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa nenhuma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento a bater no trigo..."

    "Assim o príncipezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
    - Ah! Eu vou chorar.
    - A culpa é tua, disse o príncipezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
    - Quis, disse a raposa.
    - Mas tu vais chorar! Disse o príncipezinho.
    - Vou, disse a raposa.
    - Então, não vais lucrar nada com o facto de eu te ter cativado!
    - Eu vou lucrar sim, disse a raposa, por causa da cor do trigo..."

    E desta forma se descreve um tipo de "dependência": sincera, espontanea, livre, com significado.

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